Primeira semana de campanha eleitoral teve ataques infundados ao processo eleitoral e “venezuelização religiosa”

Neste A Semana em Fakes, Edgard Matsuki, analisa as principais fake news que circularam na primeira semana de campanha eleitoral. Informações absurdas sobre “QR Code” que dá votos para Lula e pesquisa invertida no Jornal Nacional se juntaram a informações falsas que visam disseminar pânico em cristãos.

Na semana passada, falamos que até Bolsonaro pode ser alvo de fake news. Nesta semana, primeira de campanha eleitoral, bolsonaristas parecem ter preparado um contra-ataque. Das nove fake news políticas que desmentimos desde o último A Semana em Fakes, sete são favoráveis a, de alguma forma, Bolsonaro.

Para além da quantidade, podemos ver na desinformação o que parece ser a tônica do “discurso oficial” do presidente em dias, por assim dizer, mais belicosos. O processo eleitoral foi atacado com um caso para lá de estranho.

Há alguns dias, uma imagem (frisa-se, real) de um título de eleitor com um código de verificação (entre outras letras) “LULA.PT” começou a circular com uma denúncia de que o TSE estaria fazendo propaganda para o candidato do PT nos títulos de eleitor. Na época, desmentimos a informação e apontamos que o código é gerado randomicamente.

A história parecia encerrada quando ela conseguiu ser (muito) piorada. Na última semana, uma pessoa gravou um áudio absurdo dizendo que o código em questão serviria para “transferir” votos dos novos títulos para Lula. Não só a história era falsa como não fazia sentido. Porém, já serviu para colocar uma pulga atrás da orelha (como sempre) dos mais ávidos fãs de Bolsonaro.

Outra história estranha que deu o que falar na semana foi de um suposto vídeo do Jornal Nacional falando de uma pesquisa eleitoral que colocava Bolsonaro à frente de Lula. O vídeo, que contrariava o resultado real da pesquisa, havia sido editado (importante: como apontou o especialista Bruno Sartori, não se tratava de um deepfake) para enganar os fãs mais ávidos de Bolsonaro.

Essa frente contra o processo eleitoral se uniu com um tipo de desinformação recorrente. O que não faltou na semana foi informação fora de contexto de países latino americanos liderados por governos de esquerda que estavam “acabando com igrejas”. Fake news sobre, por exemplo, Chile e Bolívia foram compartilhadas com o intuito de sugerir que Lula também faria isso no Brasil.

Foi só a primeira semana de campanha eleitoral, mas o tom da desinformação já está dado. Até segunda ordem, religiosos e o processo eleitoral vão ser bombardeados com balelas absurdas.

 Trends da semana

Palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos dias

  1. Lula (Confira detalhes aqui)
  2. Cheiro da morte (Confira detalhes aqui)
  3. Título de eleitor (Confira detalhes aqui)
  4. Qr code (Confira detalhes aqui)
  5. Titulo de eleitor (Confira detalhes aqui)
  6. Lula bêbado (Confira detalhes aqui)
  7. Miocardite (Confira detalhes aqui)
  8. Qr code no título de eleitor (Confira detalhes aqui)
  9. Harvard (Confira detalhes aqui)
  10. Bolsonaro (Confira detalhes aqui)

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos dias

  1. Fake news que aponta que zumbi foi visto na China (Confira detalhes aqui)
  2. Fake news que aponta que QR Code que transfere votos para Lula está nos novos títulos (Confira detalhes aqui)
  3. História falsa que aponta que perfume cheiro da morte está utilizado em estacionamentos (Confira detalhes aqui)
  4. Fake news que aponta que menina foi sequestrada no Jardim Alvorada (Confira detalhes aqui)
  5. Informação errada que aponta que Harvard comprovou que hidroxicloroquina cura a Covid-19 (Confira detalhes aqui)

Destaques nas redes sociais

Desde o início de 2021, o Boatos.org promove a seção “A Semana em Fakes”, com análises sobre assuntos relacionados a fake news. O conteúdo é aberto para republicação em veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Jorn., Portal MetrópolesPortal T5, Conexão Marília, O Anhanguera e RP10 (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.